SERGIO MOURA - COLETIVO SENSIBILIZAR
Grito Manifesto 1964 (1984)
Ação urbana e happening
Curitiba, PR
Fotos: César Brustolin, Eduardo Nascimento, Geraldo Vermelho, João Henrique Le Senechal,
José Luís Cabada Corvisier, Ivan Rodriguez, Luciana Biscaia, Neni Glock, Roberval Santos
“A obra GRITO MANIFESTO 1964, executada em 31 de março de 1984 pelo coletivo Sensibilizar, tinha como foco essencial reconhecer os catadores de papel além do que simples coletadores de resíduos urbanos. Sediados na Vila Pinto, atualmente denominada Vila das Torres, em Curitiba, cultivamos contato contínuo com eles até a data da intervenção marcada. Nossa intenção era fortalecer sua dignidade humana preservando sua identidade e, por isso, estavam inseridos em nossa linha de atuação. Ao questionarmos a desigualdade social endêmica, apontávamos a insegurança que proibia e condenava nossa liberdade, perseguia o presente, ameaçava nosso destino futuro, impondo permanente medo que certamente nos levaria à miséria definitiva.
Nossa proposta em SENSIBILIZAR, impresso em serigrafia, com estratégia contra cultural para com a realidade local e global, ressaltava nossas pautas-mestres que eram:
1 Promover o ser sensível
2 Denunciar a desigualdade social
3 Democratizar a atividade artística envolvendo a população de transeuntes urbanos
4 Ressaltar a necessidade urgente de maior politização individual visando o fortalecimento dos valores próprios enquanto humanidade”.
Texto que foi lido no dia da ação Grito Manifesto, em 31 de março de 1984, no Centro de Curitiba:
“Palavras, traição, hipocrisia, perseguição e anos seguidos de medo. Castração das liberdades humanas. Golpes políticos impelem as pessoas à corrupção e desintegração sociais. A pobreza avança de norte a sul. A proliferação de novos problemas alia-se à endemia brasileira.
Interesses mesquinhos conduzem à mediocridade do pensamento. Em vinte anos de imposição, não descobrimos um caminho adequado. O povo está mais pobre do que nunca. Gerações futuras estão condicionadas por decisões incompetentes (dos barrigudos do poder). Os pobres passaram à condição de paupérrimos e, sem perspectivas, logo estarão miseráveis.
Os que ganham altos salários ou fazem jogadas, só sabem comer bem e viver confortavelmente, mesmo às custas de cadáveres estendidos nas ruas. Onde estão os pensadores, cientistas, professores, artistas, enfim, os honestos? Em toda parte, notamos a decadência dos valores morais e da virtude. O embrutecimento é quase geral.
Enquanto os indivíduos não encontrarem sua própria liberdade, serão escravos fáceis, submissos, subornados, derrotados, fracassados... É imperativo que as pessoas reflitam sobre a estranha realidade nacional. Necessitamos urgentemente cultivar a sensibilidade criadora”.
SENSIBILIZAR
Rua XV, Curitiba
31 de março de 1984
Participação:
Adevalne Néia de Lima, Carlos Cruz, Cynthia Roncaglio, Dayse Rocha, Jean Robert Pereira, Marcos Batista, Rose Mary Jargas, Roberto Pinheiro, Sueli Almeida Lopes, Tereza Hidalgo de Caviedes, Valmor Schmidt, Guinski, Alfi Vivern.
Colaboradores:
Canal 12 - TV Paranaense, Classe Móveis, Estilo Painéis, Labra, Rodofer, Sir - Laboratório de som e imagem, TV Bandeirantes do Paraná.